about
Um outro clássico de Fuxan dos começos da década de 80, onde destaca a poderosa voz de Mini, e onde se fai referência a temas candentes na altura como a montagem da autonomia ou aos conflitos da quota empresarial (a tentativa do governo espanhol para que as pequenas exploraçons agro-pecuárias cotizassem à segurança social como empresas).
Os Cantares de Cego tivérom um desenvolvimento divergente: por um lado, alimentavam as mais baixas paixons do povo, contando casos truculentos de crimes e desgraças; por outro, servírom para canalizar
mui discretamente a crítica social nos tempos da ditadura, esquivando os rigores da censura. Neste cantar está presente também um honorável precursor da crítica social galega: O Tio Marcos d'a Portela, protagonista do primeiro jornal monolíngüe que perdura no tempo e que, da cidade de Ourense nas décadas de 70 e 80, espalhará por todo o território as críticas ao caciquismo, à pressom fiscal sobre o agro ou o racismo espanhol contra o nosso povo.
lyrics
A jeito de cego venho
dizer o que já dixo
o Tio Marcos da Portela
polos primeiros de “sigro”.
As misérias que passámos
as dores que sofremos
a emigraçom que nos mata
e que nos tem consumidos.
Esta falta de justiza
que nos tem aterecidos
andando c'o bico aberto
à esculca do grao de milho.
As aldragens que nos fam
na cidade e no município
O pagar como empresários
p 'ra que outros se fagam ricos
O leite que nos mal pagam
e vendem a trinta e cinco
e por riba a democracia
que até agora é um conto “chino”
As contribuiçons que botam
ao nosso lombo os políticos
as jogadas dos alcaldes
que son jogadas de “pilho”.
Se pedimos que Galiza
volte a ter o seu espírito
mangam-nos autonomia
Que os caciques som mui listos
Devemos tomá-lo a “broma”
rir-nos todos e mais rir-nos
Venha um trago companheiros
Se nom há pam... venha vinho.
credits
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Armada,
released December 22, 2022
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